Eu e os Relógios...

Quarta-feira, fui ao médico! Enquanto esperava para ser atendida, ia lendo uma revista cor-de-rosa de 2006, pensando na vida, aproveitanto o sossego.... quando de repente aparece no consultório um grande amigo meu de infância, o Paulo da Susete!!!

Conversa para aqui, conversa para ali, demos por nós a reviver os bons velhos tempos passados nos “ninety's”.... [quando falo em “ninety's” vem-me logo à cabeça as matinés no Crazy Nights, os bailes nos “Tabacos”, a praia da Rainha, o comboio da linha, as noitadas com o pessoal lá do bairro, o ir à Graça à noite ao pão quente e aos bolos, o Plateau, o Até Q´Enfim, as noites no Bairro Alto, as Yamaha DT's, das chamadas à borla nas cabines telefónicas lá da rua, dos cinemas Alfa.... enfim, tantas coisas, que ficava aqui o dia todo a recordar] ....e com o Paulo a lembrar-se desta história fantástica da minha adolescência (de que ele se lembra sempre que pensa em mim!) que eu passo a contar:

Quando eu tinha 15/16 anos, o meu grupo de amigos costumava reunir-se na colectividade lá do bairro, instituição esta que organizava bastantes festas e bailes, normalmente em datas festivas, mas não só, festas estas que eram, regra geral, realizadas à noite....

(amigos de longa data, não se comecem já a rir!!!!)

.... estas festas eram um espectáculo e, não sendo eu boa de escrita penso que nunca conseguirei encontrar as palavras certas para as descrever...posso no entanto dar um cheirinho do que se lá passava....s alão de baile... uma grande parede de espelhos.... bola de espelhos.... coreografias de grupo.... etc, etc, etc.... e costumavam acabar lá para as 3, 4, 5 da manhã. Todos ficavam até ao fim da festa, era curtir até ao fim... todos, menos eu... que tinha que estar em casa à meia-noite!!!!

Porquê à meia-noite??? Porquê eu??? Porquê só eu???

Isto tinha que acabar.... como boa adolescente, em vez de tentar resolver as coisas com calma, explicando à minha mãe que não tinha mal nenhum, que algumas das mães das minhas amigas até lá estavam, etc, etc, etc.... NÃO!!!

Resolvi que o que tinha a fazer em dia de festa, era esperar que a minha mãe adormecesse no sofá a ver televisão (coisa que acontecia por volta das 22 horas - hora de início da festa) e atrasar todos os relógios que existiam em casa 3, 4 ou 5 horas, para que sempre que eu chegasse a casa nunca passasse da meia-noite.... Assim, mãe e filha ficavam sempre satisfeitas!!! Devo dizer que este método era óptimo, divertido e com uma boa dose de aventura e adrenalina à mistura.... e que só foi descoberto pela minha mãe 2 ou 3 anos depois (quando eu já não tinha que entrar em casa à meia noite, mas já estava viciada em fazê-lo!!!!) quanto ao entrar em casa, ela acordou e achou estranho já ter terminado a emissão da televisão (sim, antigamente não havia TV 24h por dia!) e ainda ser meia-noite!!!!

Para terem ideia, antes de sair tinha que mudar a hora no meu quarto, no quarto dos pais, na cozinha e, por fim, o mais difícil no vídeo da sala....e, depois de chegar, fazer tudo outra vez!


Bons velhos tempos....

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PS: Paulo, a história com que sempre me lembrarei de ti, remonta a 1991/92, e é a do dia em fomos levar o teu cão Ucre a casa, e a PJ, por engano, te arrastou para dentro de casa e te apontou uma arma à cabeça!!! Medo....