segunda-feira, 11 de fevereiro de 2008

Toyota Corolla

Meu querido Toyota,
Escrevo estas palavras numa altura em que ainda não sei se tens salvação ou não!
Na passada terça-feira de Carnaval, dia 05 de Fevereiro de 2008, quando regressávamos de umas mini-férias no Cardal, deste um suspiro e apagaste-te completamente. Desde esse dia que não te vejo nem sei nada de ti. Nem sei explicar o que senti, ali parada na N238, a ver-te em cima do reboque, já de noite, a seguir em sentido contrário do nosso, rumo a um qualquer parque de estacionamento em Ferreira do Zêzere. Estou devastada. Nunca pensei sentir tal vazio e tamanha tristeza por causa de um carro.
Tenho andado mal da barriga, sonho contigo, voltei a sonhar com pontes... Enfim, não está a ser fácil lidar com esta separação!
Nasceste em 1994. Quando te conheci, praí em 1996 ou em 1997, não te achei muita graça - sempre gostei de carros pequeninos e ao olhar para ti não me pareceu que fosses muito fácil de estacionar! Para além disso, eras um comercial!
A primeira vez que te pus as mãos em cima, foste logo abaixo! Foi a única vez que me fizeste tal coisa! A única! Pontos de embraiagem contigo são a coisa mais fácil do mundo! Nesse dia, estava tão nervosa por te estar a conduzir, que ao sair do carro tranquei a porta e deixei a chave na ignição! Ainda tens o trinco da porta esquerda arranhado das tentativas que fizemos para abrir a porta com um arame!
Quando parti a perna foste tu que me levaste todas as terças e quintas feiras à fisioterapia, lá em Tomar, e a partir daí quase sempre me levaste à escola!
Depois, quando acabei o curso, estivemos separados durante 1 ano (foste para casa com o teu verdadeiro dono, o mê Zé)... voltaste para mim quando o Zé veio para Lisboa estagiar e desde aí que estamos juntos...
Entretanto o André entrou nas nossas vidas e como “starvan” não estavas adaptado às nossas necessidades... então... resolvemos comprar-te uns bancos e adaptar-te à nossa nova realidade... desde 2004, que és um 5 lugares devidamente legalizado!
Em 2005 conduzi-te sozinha pela primeira vez!
Levei logo uma buzinadela ao sair das portagens em Porto Salvo!!! Lembras-te? Estive o dia todo com dores de barriga dos nervos e de pernas (da embraiagem!) por causa dos para-arranca para sair do TagusPark.
Nesse ano, o Zé ficou sem carta e, durante 1 mês ficaste à minha guarda...
A partir daí passei a idolatrarte!
Não tens vidros eléctricos, nem fecho centralizado, nem ar condicionado... nem nenhuma dessas paneleirices modernas! Mas és um espectáculo!
Uma vez, a estacionar, rocei-te um poste na porta esquerda - que quase não se nota, já te assassinei as 4 jantes nos passeios, aqui à uns dias demos um toque num jipe, mas também não se nota nada... e é tudo de mazelas feitas por mim! Feitas por ti, temos um deslize de cú a descer a calçada, mas que correu bem pois consegui-te estabilizar e um pião ali a chegar à Amadora, que também correu bem pois não vinha ninguém atrás de nós e não fomos parar à valeta!
És o meu super carro!
Sim meu! És meu!
Para mim tu és meu!
E se vieres a ficar bom, ou se nós podermos pagar a tua recuperação, prometo que vou fazer tudo por tudo, para que o Zé compre um carro novo e tu passes a ser oficialmente meu!
SÓ MEU!

2 comentários:

Sara SC disse...

E eu ainda me lembro do teu stress nesse primeiro dia, a caminho do Tagus Park :D
Belo texto Carlita...mt ao estilo de Ricardo Reis!!
N fica tiste amiga...num instantinho tens o teu companheiro de 4 rodas de volta ;)

ccunha disse...

Ricardo Reis o poeta?!?
Muito obrigado Sarita!
;)

CCunha a Poetisa... soa-me bem!
:P